SINOS DE DEZEMBRO

 

Não compro amores

nem vendo flôres

quebro as palavras

na própria página

 

A rima é inútil

no que assemelha

ora é um espelho

do próprio espelho

 

Ora é um espantalho

dos próprios passos

ora é uma esfinge

do que pareço

 

Afasto, então, as miragens

que, no fundo, me cercam

sombra de minha sombra

que de mim se perdem

 

Não me consome

a ventania

que varre as ruas

e comove os sinos

 

Sou uma criança

que nasceu crescida

lendo pela janela

as côres da fantasia.

 

 

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