ELEGIA NEGRA

 

Na cidade das sombras

o silêncio recolhido

é um oceano gelado

- de riso que não é riso

 

Corto a memória e desmaio,

meu canto se perdeu nas ruas

quebro a visão em pedaços

enquanto permaneço em fuga

 

Com as palavras na boca

quero gritar, nao posso;

as mãos paradas no peito

- o espanto nem me comove.

 

Levo comigo as ruínas

nado contra rios e marés

colho as dores - uma por uma

-~como vingança do céu

 

Na cidade das sombras

por avenidas escuras

- escuras ruas da alma

- escadas de amargura

 

Largo a esperança e tropeço

em véspera do amanhecer,

caminho dentro das sombras

- na profundeza do ser.

 

 

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