SONÊTO LIVRE

 

Vi a manhã nascer nos teus olhos.

O mar era um manto de crepe azul.

O tempo escorria entre os meus dedos

mas na tua face um emblema nascia.

 

Via a estrêla cair no dorso da água:

era um cavalo-marinho entre as espumas.

O peixe-pássaro era uma lâmina de sol

cortando a visão na claridade do dia.

 

Vi, então, a tristeza morrer nas cores.

Via a solidão amortecer na praia.

Via a memória adormecer na areia.

 

Via a espuma cada vez mais alva.

Via a sombra cada vez mais rara.

Vi o amor nascer aqui na tua alma.

 

 

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