CANTO AGRÁRIO PARA O TEMPO PRESENTE
"Rintrah roars & shakes his fires in the burdern'air; Hungry clouds swag on the deep". William Blake
Convido-vos, amigos, a preparar a terra; o campo está novamente inculto. O tempo quis esta divisão de fronteiras e, agora, o que vemos é êste grande deserto: plantas agrestes, cactos, vegetais de maninha duração e parvas figuras, dominando outeiros, vales e colinas.
A manhã é um crepúsculo, onde circulam pássaros de vôo rasante.
O vento até mudou de direção; a agulha não aponta para o Norte A bússola partiu-se: era de vidro.
Diante dos olhos: um montão de cinzas e de rosas mutiladas
Por tôda parte: lírios pisados por sapatos de ferro; Entre os dedos: (visão perplexa), um embrião natimorto, fruto da primeira esperança.
Além, um horizonte vazio. Embaixo, um mar coalhado de insetos.
A luta renasce, porém, como uma flor de sangue entre duas fronteiras.
A palavra semeada, inscrita nas ruas, sob o calor do trabalho, não foi colhida; permanece intacta, suspensa no ar, à espera da colheita, que pode surgir.
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